domingo, 17 de dezembro de 2017

Crianças treinadas para morrer por Putin

Cadete  no treino
Cadete  no treino
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Vladimir Putin é candidato a mais uma reeleição presidencial.

Aliás, Evo Morales também. Não há proximidade geográfica entre os dois. Mas sim ideológica e psicológica.

O instinto diz ao déspota que não pode largar o poder, pois as consequências pessoais podem ser irreparáveis. Falem Lula e Cristina Kirchner.

Nas últimas semanas, Putin acenou com massacres em massa no leste ucraniano – atribuindo-as à Ucrânia – e fez declarações que insinuam a guerra mundial a propósito da Coreia do Norte.

As ameaças, entretanto parecem direcionadas ao público russo. Elas visariam atemoriza-lo e aglutiná-lo em volta do atual presidente para aceitar o resultado eleitoral.

Esse resultado já deve estar pronto em algum ministério putinista. Também a aprovação pública ao ditador aumentou segundo o governo queria.

Nesse aumento de popularidade contribui o recrutamento e doutrinação de crianças-soldados. O exército carece de soldados pela acentuada queda da população e da natalidade.

Putin deitou mão de um velho recurso de ditador beirando o desespero: recrutar adolescentes e crianças para lhes dar oficialmente “educação militar e patriótica”.

Na região meridional de Stavropol, segundo “La Nación”, a propaganda oficial exalta a imagem dos cossacos. Historicamente, os cossacos constituem uma famosa raça de guerreiros de toda confiança que garantia a guarda pessoal dos Tsares de todas as Rússias.

Treino de crianças soldado
Treino de crianças soldado
Eles lutaram heroicamente contra a Revolução Bolchevista de 1917 e constituíram as melhores tropas do “Exército Branco” monarquista que resistiu ao “Exército Vermelho” comunista-leninista.

Acabaram perdendo e pagaram caro: Stalin decidiu puni-los com a fome. Por volta de oito milhões deles teriam falecido num dos piores genocídios da história, conhecido como holodomor.

Mas, agora, Putin precisa deles. Então, a propaganda oficial os apresenta como camponeses tranquilos nos tempos de paz e heroicos defensores da pátria soviética.

E em especial contra os invasores das irrequietas regiões da Chechênia e do Daguestão. Também são exaltados como corajosos soldados nas campanhas militares para expandir o poder de Moscou.

Nenhuma palavra sobre as guerras que fizeram contra os turcos invasores nem mesmo contra a invasão napoleônica em que lutaram como heróis. No mundo islâmico e até na própria União Europeia, Putin tem grandes amigos e aliados.

“O amanhã começa hoje” é o ditado da escola de cadetes de Stavropol dedicada a Alexei Yermolov, um general do século XIX que conquistou o Cáucaso para o império russo e que Putin quer reconquistar agora, tendo invadindo a Geórgia com resultado inconcludente.

Estudantes da Escola de Cadetes General Yermolov
Estudantes da Escola de Cadetes General Yermolov
A maioria dos cadetes provém de famílias de soldados na ativa ou de oficiais de outras forças de segurança, legais ou ilegais. Pois também essas servem ao Kremlin para “serviços” inconfessáveis, em outros países.

Mas, não se trata só de bons rapazes. Por volta de 40% desses cadetes abandonaram a escola e alguns já passaram por unidades suspeitas, ou não, do exército e das policias.

Os instrutores passaram anos em “posições quentes” ou zonas de conflito.

No verão russo, um grupo de adolescentes do chamado clube “Patriota” da invadida Crimeia frequenta o acampamento “Cavaleiros russos” para receber treinamento militar.

Nesse acampamento até 600 meninos e meninas recebem instrução militar todos os verões junto com mais de 1.500 adolescentes.

Os exercícios físicos vão de mãos dadas com o treino de armas, aprimoramento da pontaria, aprenderem a conduzir carro e pular de paraquedas.

Para o dia que o omniarca de Moscou precisar deles, mesmo sem ter atingido a maioridade.

“Estamos prontos para morrer por Putin” canta um muito divulgado coro de cadetes da polícia russa de Volgogrado (ex-Stalingrado) dirigidos por Anna Kuvychko, deputada do partido putinista Rússia Unida.

Coro de cadetes da polícia da ex-Stalingrado promete 'Morrer por Putin'
Coro de cadetes da polícia da ex-Stalingrado promete 'Morrer por Putin'
O vídeo visando a última reeleição de Putin. Mas patenteia o clima de ódio em que estão sendo formadas a infância e a juventude.

O fundo são monumentos aos soldados soviéticos mortos na batalha de Stalingrado.

Numa outra versão, as imagens de guerra incluem o treino de crianças soldados.

A letra é um impropério contra os EUA; deblatera contra a União Europeia desunida e invadida; promete devolver o estado americano de Alasca à Rússia; reforçar o enclave militar de Kaliningrado entre a Polônia e a Lituânia; endurecer a defesa das ilhas Curilas disputadas com o Japão e reforçar a ocupação da Crimeia.

Todo o contexto é de guerra contra os vizinhos apresentando a Rússia como um recinto de paz armada.

Como refrão, as crianças repetem com punhos fechados e olhares de ódio: “Mas, se o comandante supremo nos chamar para a batalha final, ‘Tio Vladimir’ (‘Vova’) nós estamos com você!” Cfr. “The Daily Mirror”.



Crianças prontas para morrer por Putin




"Tio Vova (Vladimir Putin)": versão "atualizada" para as crianças-soldados




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