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Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs
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Livro Negro do Comunismo revela
o maior crime
da História
Documentada obra de autores esquerdistas – que dizem
antecipar-se a uma possível utilização pela direita de inédito documentário dos
delitos comunistas – traz consigo incógnitas que dão o que pensar sobre os
rumos do mundo atual
“A
fome não só
destruiu a fé no Czar, como também a fé em Deus”. Quem terá pronunciado essas
palavras brutais e cínicas?
Vladimir Ilitch Oulianov, vulgo Lenine, homem símbolo do
comunismo soviético – o maior crime cometido na História – utilizou a fome como
meio “didático” de transformar a sociedade e extirpar qualquer fé religiosa.
Ele, a exemplo de Marx, considerava a religião o “ópio do povo”.
O livro, objeto deste artigo, examina os frutos criminosos
desse regime monstruoso.
O século XX deixou pesadas heranças. Entre elas, os erros da
Rússia espalhados pelo mundo, como previu Nossa Senhora em Fátima. Erros que se
condensaram numa bandeira tinta de sangue: a do comunismo.
Hoje, no Brasil, eles são exumados pelo Movimento dos
Sem-Terra (MST) e outros afins – a par do folclore sinistro de Marx, Lenine,
Mao e Che Guevara –, ao promoverem invasões e depredações, semeando a tensão no
campo e na cidade. Enquanto na vizinha Colômbia a guerrilha marxista-leninista
já efetivamente domina parte do país.
O Livro Negro do
Comunismo, há pouco editado no Brasil (1), pôs em foco a magnitude dos
crimes gerados por esses erros. Desde que foi publicado na França, em 1997, ele
suscita apaixonadas polêmicas. Numerosos simpatizantes do comunismo saíram da
moita em defesa do partido.
No Parlamento francês, o Primeiro-ministro socialista Lionel
Jospin correu em socorro de seus aliados do Partido Comunista, denunciados por
deputados da direita com base no referido Livro Negro (2).
Apareceu até um volume criticando essa obra, ironicamente
intitulado Livro Negro do Capitalismo,
aliás tão pífio que a revista “Veja” o qualificou de “obra idiota e
estapafúrdia” (3).
O
Livro Negro do
Comunismo foi escrito por esquerdistas. O coordenador da equipe é Stéphane
Courtois, diretor da revista Communisme e diretor de investigações do
prestigioso Centre National de la Recherche Scientifique de Paris. Ele vem do
maoísmo e se define como anarquista (4). Os títulos e obras dos demais
colaboradores ocupam algumas páginas. Por sua vez, a Rússia abriu-lhes arquivos
até então zelosamente fechados.
A erudição é esmagadora, e a realidade retratada,
estarrecedora. Segundo os cálculos, o comunismo é responsável por cerca de 100
milhões de mortos. Só na China somam 63 milhões, e na Rússia 20 milhões. E isso
apesar de os autores minimizarem as cifras.
Exemplos: a Comissão
sobre Repressão do governo russo concluiu que os bolchevistas mataram pelo
menos 43 milhões de pessoas entre 1917 e 1953 (5). Na Coréia do Norte, segundo
a agência católica Zenit (6), o comunismo matou de fome 3,5 milhões, sete vezes
mais do que os autores informam.
Mito da Revolução Francesa: modelo para esquerdas
contemporâneas
O Livro Negro
carateriza o comunismo como intrinsecamente criminoso, genocida, muito mais
nocivo à humanidade que o nazismo ou qualquer totalitarismo do século XX,
enquadrando-o no gênero de crime contra a humanidade. Teses que deixam em maus
lençóis as esquerdas, inspiradas, todas elas, no mesmo sonho igualitário.
Para o Livro Negro do
Comunismo, a emulação com a Grande Revolução –a Francesa de 1789– é que
moveu os revolucionários vermelhos. Robespierre abriu o caminho, Lenine e
Stalin lançaram-se nele, os Khmers Vermelhos do Camboja bateram recordes
genocidas.
Para todos eles, a utopia igualitária e libertária tudo
justificava. Exterminar milhões não importava, em sua opinião, porque assim
nasceria um mundo novo, fraternal, para um homem novo liberto da canga da
hierarquia e da lei.
O obstáculo a varrer era a propriedade privada. E o adversário
a eliminar eram os proprietários. Os comunistas atiraram-se ferozmente sobre
eles do mesmo modo como Robespierre encarniçara-se contra os nobres.
Da Reforma Agrária à Guerra Civil
Na Rússia – como em geral nos países que caem nas garras do
comunismo ‒ tudo
começou pela Reforma Agrária. Sob o tzarismo, os agitadores incitavam à
partilha negra de terras invadidas. Era a luta de classes dos sem-propriedade
contra os proprietários rurais, grandes ou pequenos.
O desastroso desenlace da I Guerra Mundial deixou a Rússia
numa situação caótica. O tzar abdicou e foi substituído por políticos
centristas, concessivos à esquerda. Em face disso, a minoria comunista ousou o
inconcebível e apoderou-se do governo quase sem resistência.
Logo a seguir, Lenine declarou a Guerra Civil contra os
proprietários. Comitês revolucionários de intelectuais comunistas conduzindo
uma tropa de “elementos criminosos e socialmente degenerados” (p. 127)
instauraram o terror. A droga corria farta entre eles.
Os proprietários de milhares de fazendas invadidas foram
mortos ou fugiram para o exterior. Os donos de roças ou chácaras ficaram,
provisoriamente. Em 29 de abril de 1918, Lenine decretou “uma batalha cruel e
sem perdão contra esses pequenos proprietários” (p. 83).
Os bolchevistas passaram a desarmá-los e a lhes confiscar o
grão. Quem resistia era torturado ou espancado até a morte. Roubavam-lhes até a
roupa interior de inverno e os sapatos, ateavam fogo nas saias das mulheres
para que dissessem onde estavam sementes, ouro, armas e objetos escondidos. As
violações praticadas então pelos comunistas foram sem conta.
Entretanto, em julho-agosto de 1918, os bolchevistas perderam
o controle de quase todo o país. E na região que dominavam eclodiram 140
insurreições. Os proprietários agrícolas formaram exércitos de até dezenas de
milhares de homens.
Porém, estes não compreendiam a natureza ideológica do adversário
e que era preciso opor-lhe uma ideologia anticomunista. Repetiam
inadvertidamente o jargão dos bolchevistas, pensando com isso seduzi-los.
Ingenuidade!
Os comunistas maquiavelicamente propunham arranjos, atribuíam
os excessos a funcionários e prometiam uma solução assim que os anticomunistas
entregassem as armas. Isto feito, matavam-nos desapiedadamente.
Brutal nacionalização da indústria e primeira grande fome
Tendo confiscado o alimento, o governo reduziu o povo pela
fome. Só comia quem possuísse o cartão de racionamento distribuído pelo
partido...
Havia seis categorias de estômagos excomungados. Os burgueses,
os contra-revolucionários, os proprietários rurais, os comerciantes, os
ex-militares, os ex-policiais foram condenados ao desaparecimento.
Nas cidades, as fábricas pararam. Os operários trocavam
ferramentas e máquinas furtadas das oficinas por alimentos.
A ditadura
soviética nacionalizou, então, as indústrias e as militarizou. Trabalhava-se
sob ameaça. A ausência podia acarretar a morte. O pagamento não ultrapassava um
terço ou metade do pão necessário para a sobrevivência.
As inúmeras revoltas operárias foram afogadas em sangue. O
paraíso igualitário estava começando... “As cidades devem ser impecavelmente
limpas de toda putrefação burguesa ....
O hino da classe operária será um canto de ódio e de
vingança!”, escrevia o “Pravda” – jornal oficial – em 31 de agosto de 1918.
A fome prostrou a população. Em 1922 não havia mais revoltas,
apenas multidões apáticas implorando uma migalha e morrendo como moscas. Foi o
início da primeira grande fome que ceifou 5 milhões de vidas.
Os cadáveres insepultos acumulavam-se nas estradas. Surgiu o
canibalismo. Os comunistas deitaram a mão nos bens da igreja cismática (dita
ortodoxa), majoritária na Rússia.
O confisco ocorreu com profanações e carnavais
anti-religiosos. Após sucessivas ondas aniquiladoras, pouquíssimos templos
permaneceram abertos. Os “Popes” (chefes da igreja cismática) transformados em
agentes do Partido.
A sangrenta estatização dos campos
A Reforma Agrária prometeu terra aos que não a possuíam. Mas
na verdade o comunismo desejava implantar os kholkhozes, isto é, granjas
comunitárias pertencentes ao Estado, onde os camponeses obedecem como servos à
planificação socialista.
Stalin completou a estatização do campo decretando o
extermínio imediato de 60 mil chacareiros e o exílio da grande maioria para
campos de concentração da Sibéria.
Mesmo os simpatizantes do governo perderam tudo, sendo
deslocados para terras incultas de sua região. Em poucos dias, a meta de 60 mil
assassinatos foi superada. Em menos de dois anos foram deportados 1.800.000
proprietários e familiares.
A viagem mortífera, em vagões de gado, durava várias semanas,
sem alimento nem água. Os comboios descarregavam os cadáveres nas estações.
Os
locais de acolhida eram ermos, sem instalações básicas. As baixas por inanição,
doença ou frio atingiram mais do 30% dos deportados, no primeiro ano.
Como nas granjas coletivas os assentados desenvolviam
resistência passiva às normas, Stalin decidiu submetê-los pela fome. As
reservas de alimentos, sementes e ferramentas foram confiscadas.
Carentes de tudo, os camponeses abandonavam os filhos na
cidade próxima. Em Jarkov, crianças famintas lotavam as ruas. As que ainda não
haviam inchado foram conduzidas a um galpão, onde agonizaram aproximadamente 8
mil crianças.
As outras foram despejadas num local longínquo para morrerem
sem serem vistas. Esta fase final da Reforma Agrária provocou 6 milhões de
mortes.
O Grande Expurgo: 6 milhões de vítimas
Em janeiro de 1930, os pequenos comerciantes, artesãos e
profissionais liberais foram “desclassificados”, isto é, privados de moradia e
de cartão de racionamento. E, por fim, deportados.
Stalin cogitou também o Grande Expurgo nas fileiras do
partido e da administração pública. Universidades, academias e institutos
diversos foram quase esvaziados.
Até Tupolev, inventor do tipo de avião que leva seu nome, foi
vítima. A alta oficialidade do Exército foi expurgada numa porcentagem de 90%.
A mortandade causada pelo Grande Expurgo atingiu mais de 6 milhões de pessoas,
embora oficialmente só tenha havido 681.692 execuções.
Durante a II Guerra Mundial, o comunismo russo dizimou as
minorias étnicas. Mais de 80% dos 2 milhões de descendentes de alemães que moravam
na URSS foram expurgados como espiões e colaboradores do inimigo. Várias outras
etnias foram supressas.
Os expurgos alimentavam o gigantesco sistema de campos de
concentração, onde os deportados funcionavam como mão-de-obra escrava para
sustentar a economia soviética.
Nesses locais, a alimentação era ínfima e
nojenta, e a mortalidade pavorosa.
Na Europa Oriental: “requinte” do modelo russo e cruel
perseguição anticatólica
Na Europa do Leste, ocupada pelos russos, reproduziu-se o
mesmo drama. Em alguns países, o comunismo requintou a perversidade.
Na prisão
romena de Pitesti os estudantes religiosos eram batizados todos os dias,
enfiando-se-lhes a cabeça em baldes cheios de fezes, enquanto era rezada a
fórmula batismal.
Os seminaristas deviam oficiar missas negras, especialmente na
Semana Santa.
O texto litúrgico era “pornográfico e parafraseava de forma
demoníaca o original” (p. 495).
A perseguição tornou-se encarniçada contra o clero católico.
Um Bispo greco-católico escreveu este testemunho comovedor:
“Durante longos anos, suportamos, em nome de São Pedro, a
tortura, os espancamentos, a fome, o frio, o confisco de todos os nossos bens,
o escárnio e o desprezo.
“Beijávamos as algemas, as correntes e as grades de
ferro das nossas celas como se fossem objetos de culto, sagrados; e a nossa
farda de prisioneiros era o nosso hábito de religiosos.
“Nós havíamos escolhido
carregar a cruz, apesar de nos proporem sem cessar uma vida fácil em troca da
renúncia a Roma. ....
“Hoje, apesar de todas as vítimas, a nossa Igreja possui o
mesmo número de Bispos que havia na época em que Stalin e o Patriarca ortodoxo
Justiniano triunfalmente a declararam morta” (p. 486).
Na China: Reforma Agrária, “salto para a frente” e a maior
fome da História
A China de Mao-Tsé-Tung seguiu as pegadas da Rússia com
aspectos surpreendentes. Assim que se apossava de uma região, o comunismo
chinês empreendia a Reforma Agrária. Mas antes de eliminar os proprietários,
desmoralizava-os o quanto podia.
Eles eram por exemplo submetidos ao “comício da acidez”: os
parentes e empregados deviam acusá-los das piores infâmias até que “entregassem
os pontos”, sendo então executados pelos presentes. Um proprietário teve que
puxar um arado sob as chibatadas de colonos, até perecer. Chegou-se a obrigar
membros da família de um fazendeiro a comer pedaços da carne dele, na sua
presença, ainda vivo!
A Reforma Agrária chinesa extinguiu de 2 a 5 milhões de vidas,
sem contar aqueles que nunca voltaram entre os 4 a 6 milhões enviados aos
campos de concentração.
Em 1959, Mao propôs o “grande salto para a frente”, que
consistiu em reagrupar os chineses em comunas populares, sob pretexto de um
acelerado progresso.
Foi proibido abandonar a comuna, as portas das casas foram
queimadas nos altos fornos, e os utensílios familiares transformados em aço.
Iniciaram-se construções delirantes.
Os responsáveis comemoravam resultados fulgurantes e colheitas
astronômicas. Mas logo começou a faltar o alimento básico.
Barragens e canais
viraram pesadelo para seus construtores escravos. A indústria parou.
A fome mais mortífera da História da humanidade sacrificou
então 43 milhões de vidas!
Era proibido recolher as crianças órfãs ou
abandonadas. O regime reprimia os famintos, entes não previstos na planificação
socialista...
O sistema amarelo de campos de concentração foi (e continua
sendo) o maior do mundo. Até meados dos anos 80, mais de 50 milhões de
infelizes passaram por ele.
A média de ingresso nesse sistema é de 1 a 2
milhões de pessoas por ano, e a população carcerária atinge, em média, a cifra
de 5 milhões.
Os presos-escravos vivem psiquicamente infantilizados, num
sistema de autocríticas e delação mútua.
Esses cárceres, disfarçados em
unidades industriais do Estado, desempenharam importante papel nas exportações
chinesas. Pense nisso o leitor quando lhe oferecerem um produto chinês a preço
ínfimo...
Revolução Cultural: eliminação radical da tradição e do
pensamento
Em 1966, Mao lançou a Revolução Cultural. Tratava-se de
reduzir a pó os vestígios do passado, de eliminar tudo quanto falasse da alma
espiritual ou evocasse a beleza.
Os cenários e guarda-roupas da Ópera de Pequim foram
queimados. Tentou-se demolir a Grande Muralha, e os tijolos arrancados serviram
para construir chiqueiros! Era proibido possuir gatos, aves ou flores!
À palavra intelectual acrescentava-se sempre o qualificativo
fedorento. Os professores deviam desfilar por ruas e praças em posições
grotescas, latindo como cães, usando orelhas de burro, se auto-denunciando como
inimigos de classe.
Alguns, sobretudo diretores de colégio, foram mortos e
comidos. Templos, bibliotecas, museus, pinturas, porcelanas viraram cacos ou
cinzas.
Os mortos são calculados entre 400 mil a 1 milhão, e os
encarceramentos em torno de 4 milhões: uma alucinante ninharia, se comparada
aos massacres da Reforma Agrária e do “salto para a frente”! Apesar disso, a
Revolução Cultural serve até hoje como fonte de inspiração para revoluções do
gênero.
Genocídio comuno-ecológico no Camboja
A China moldou os regimes comunistas do Oriente. Particularmente
o do Camboja, onde os guerrilheiros vermelhos exterminaram mais de um quarto da
população nacional.
Logo após a conquista da capital, Phnom Penh, metade dos
habitantes do país foi impelida para as estradas. Doentes, anciãos, feridos,
ex-funcionários, militares, comerciantes, intelectuais, jornalistas eram
chacinados no local. 41,9% dos habitantes da capital foram eliminados nessa
ocasião. Para poupar bala ou por sadismo, matava-se com instrumentos
contundentes.
As multidões de ex-citadinos foram conduzidas a campos
coletivizados. Ali trabalhavam em condições duríssimas, recebiam horas de
doutrinação marxista, com pouco sono, separação total da família, vestimentas
em farrapos e sem remédios.
O país transformou-se num só conglomerado de concentração. Não
havia tribunais, universidades, liceus, ensino, moeda, comércio, medicina,
correios, livros, esportes ou distrações. Os ex-citadinos viraram bestas de
carga, enquanto ouviam elogios do boi que trabalha sem protestar, sem pensar na
mulher e nos filhos.
Vestiam um uniforme único, de cor preta, e se arrastavam
famintos pelos campos mal explorados. Os fugitivos sumiam na selva ou eram
sadicamente chacinados.
Comiam insetos, ratos e até aranhas, disputavam com os
porcos o farelo das gamelas. Grassava o canibalismo.
Designavam-se prisioneiros para serem transformados em adubo!
Por vezes, na colheita da mandioca, “desenterrava-se um crânio humano através
de cujas órbitas saíam as raízes da planta comestível” (p. 728).
Os chefes comunistas Cambojanos haviam estudado na França,
onde militaram no Partido Comunista Francês, tendo então conhecido as novas
doutrinas ecológicas...
Sua meta: eliminar o senso da própria individualidade, todo
sentimento de piedade ou amizade, qualquer idéia de superioridade.
Assim,
queriam forjar o “homem novo”, integrado na natureza, espontaneamente
socialista, detentor de um saber meramente material, de um pensamento que não
pensa.
Resultado: diminuição demográfica de 3,8 milhões de pessoas;
5,2 milhões de sobreviventes; 64% dos adolescentes órfãos; e um povo
psiquicamente arrasado.
Como explicar incógnitas pendentes?
O
Livro Negro do
Comunismo ocupa-se muito pouco – e mal – da América Latina. Ignora
inteiramente guerrilhas como as havidas no Brasil, Argentina, Chile e Uruguai.
Por quê?
Após tal leitura, densa e documentada, um mundo de
interrogações permanece na cabeça do leitor. O que foi feito na Rússia dos
campos de concentração? Eles existem ainda? Ou foram extintos?
Se existem, por que ninguém fala deles? Se foram extintos, que
mistério explica o fato de os grandes órgãos de imprensa do Ocidente não
enviarem jornalistas para entrevistar as vítimas ou filmar os locais de tortura
e morte?
Por que as ONGs humanitárias não procuraram na Sibéria ou
alhures eventuais sobreviventes? E por que a coorte de defensores dos “direitos
humanos” não se interessou pelo destino final desses milhões de vítimas? E como
explicar ainda seu silêncio sobre os atuais cárceres-fábricas chineses?
Nada! Nada é feito! E quando vozes se levantaram para pedir
uma Nüremberg para julgar os crimes do comunismo, um pesado véu baixado pela
mídia afogou a iniciativa. O que ocorreu?
Os autores marxistas do Livro
Negro do Comunismo alegam tê-lo escrito porque “não se pode deixar a uma
extrema direita cada vez mais presente o privilégio de dizer a verdade” (p.
45).
Porém, no ideário da
extrema direita ocidental, o que existe de consistente nesse sentido?
O grande lance anticomunista de repercussão mundial sobre o
assunto foi o lúcido e brilhante manifesto de autoria do Prof. Plinio Corrêa de
Oliveira, intitulado Comunismo e anticomunismo na orla da última década deste
milênio (7), amplamente divulgado pelas TFPs e entidades afins dos cinco
continentes.
São as TFPs e suas congêneres que esses autores tiveram em
vista? Por que suscitam elas essa inquietação na esquerda, notadamente a
francesa? Se o comunismo de fato estivesse morto, para que tanto dispêndio de
tempo e esforços?
Para cortar o caminho ao anticomunismo, que se diria
igualmente morto? Por que, então, essa preocupação com o anticomunismo? Alguma
razão deve haver, e por certo não deve ser desprezível. – Qual é ela?
Seja como for, uma coisa é inquestionável: Os dados publicados
nesse Livro Negro confirmam uma vez
mais o acerto da oposição cerrada contra o comunismo levada a cabo pelo Prof.
Plinio Corrêa de Oliveira, durante todo o tempo de sua longa atuação pública.
Oposição essa que seus fiéis seguidores – hoje reunidos em
diversas TFPs e associações afins – mantêm acesa, num mundo que procura não ver
o perigo representado pelo comunismo chinês, cubano, vietnamita, norte-coreano.
Para não falar em regimes socialistas implantados em numerosos
países que – sobretudo através da Revolução Cultural (homossexualismo, aborto,
amor livre etc.) – vão empurrando as mentalidades para o pantanal comunista.
Ao final de sua leitura, o Livro
Negro do Comunismo deixa um vasto leque de incógnitas a desafiar a
perspicácia de qualquer um, além de abundante matéria de reflexão para o
atilado e inteligente leitor brasileiro.
Notas:
1) Stéphane Courtois, Nicolas Werth, Jean-Louis
Panné, Andrzej Paczkowski, Karel Bartosek, Jean-Louis Margolin, O livro negro
do comunismo. Crimes, terror e repressão, Bertrand Brasil, Rio de Janeiro,
1999, 917 págs.
2) Cfr. “Le Monde”, Paris, 3-8-99.
3) “Veja”, S. Paulo, 3/11/1999.
4) “Expresso”, Lisboa, 6-11-98.
5) Cfr. “Jornal do Brasil”, 30-10-99.
6) Zenit, 2-9-1999.
* * *
Enlouquecimento?
Ou possessão diabólica coletiva?
Em plena Revolução bolchevista, a famosa
revista francesa “L'Illustration” coleção 1920 a 1925, p. 38, publicou matéria
inédita. Tratou-se de mórbida fotografia do cadáver de um oficial polonês
empalado, contemplado pela soldadesca comunista. A revista quis ilustrar com
essa fotografia a inexplicável e antinatural ausência de reflexos humanos, bem
como a indiferença absoluta dos soldados vermelhos. O que teria anestesiado as
reações instintivas daqueles homens?
“L'Illustration” acrescenta que o crime foi
ordenado por uma pessoa que, na frívola Paris da época, distinguia-se como um
gozador, cético em matéria de religião, mas bom rapaz, engraçado, grande
jogador de bridge e freqüentador de bailes. Que fator misterioso transformou-o,
subitamente, em feroz comissário bolchevista?
* * *
Uma alta autoridade eclesiástica parece
oferecer-nos uma explicação indireta para o fato. Trata-se de Mons. André
Sheptyskyj, Arcebispo de Lvov e Patriarca de Halich, líder da Igreja Católica
na Ucrânia durante as perseguições de Lenine e Stalin.
No início da II Guerra
Mundial, escreveu ele à Santa Sé: “Este regime só pode se explicar como um caso
de possessão diabólica coletiva”.
E pediu ao Papa que sugerisse a todos os
sacerdotes e religiosos do mundo que “exorcizassem a Rússia soviética” *. Mons.
Sheptyskyj faleceu em 1944. Seu processo de beatificação está em andamento.
A crueldade inumana da seita socialo-comunista
e a desproporção entre seus satânicos feitos e os êxitos que alcançou são de
molde a confirmar a impressionante declaração do heróico Prelado ucraniano.
* Pe.
Alfredo Sáenz S.J., De la Rusia de Vladimir
al hombre nuevo soviético, Ediciones Gladius, Buenos Aires, 1989, pp.
438-439.
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