domingo, 13 de novembro de 2016

Rússia age como “país fora da lei”
e preocupa mais que a URSS

Fumegando para valer, com atraso inexplicado, o geriátrico porta-aviões único russo Almirante Kuznetsov chegou perto da Síria. Seus armamentos e tecnologia não preocupam. Mas sim o perigo de uma guerra nuclear-chantagem para obter concessões assustadoras.
Fumegando para valer, com atraso inexplicado,
o geriátrico porta-aviões único russo Almirante Kuznetsov chegou perto da Síria.
Seus armamentos e tecnologia não preocupam.
Mas sim o perigo de uma guerra nuclear-chantagem para obter concessões assustadoras.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




A Rússia de Vladimir Putin é mais preocupante que a antiga União Soviética em temas como o emprego de armas nucleares, declarou o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Ashton Carter, segundo noticiou a UOL.

A preocupação foi externada durante uma visita à base de mísseis nucleares intercontinentais de Minot, em Dakota do Sul (centro-norte dos EUA).

O chefe do Pentágono criticou a “gesticulação nuclear” da Rússia de hoje e seus investimentos em “novas armas” atômicas.

E aumentou a apreensão existente diante do aparente descontrole verbal em que caem com relativa frequência os líderes do Kremlin:

“Pode-se perguntar se os dirigentes russos da atualidade conservam aquela grande capacidade de contenção que tinham na época da Guerra Fria na hora de exibir suas armas nucleares”, afirmou.

Hoje, “a utilização mais provável da arma nuclear já não é a guerra total”, como se pretendia naqueles anos, explicou Carter.

Mas “um ataque terrível e sem precedentes, lançado por exemplo pela Rússia e pela Coreia do Norte para tentar forçar a um adversário mais poderoso em matéria de armamento convencional a abandonar um de seus aliados durante uma crise”, explicou Carter.



Ele patenteou o temor de que um futuro presidente americano descumpra tratados assinados temendo enfrentar um conflito maior.

Após a anexação da península da Crimeia pela Rússia, Putin disse publicamente que havia avaliado a possibilidade de empregar a arma atômica durante as operações e até mencionou Varsóvia como eventual alvo.

Concentração de forças navais ante Siria, prévia à chegada do grupo do Kuznetsov.
Concentração de forças navais ante Siria, prévia à chegada do grupo do Kuznetsov.
Os estrategistas ocidentais manifestaram preocupação pelos planos russos em matéria de mísseis de curto e médio alcance.

Esse planos se estão manifestando em manobras no enclave de Kaliningrado e na transferência de grande quantidade de navios armados com engenhos nucleares para o largo da Síria.

Por sua vez o influente jornal “The New York Times”, em comentário editorial qualificou a Rússia de Putin e “país fora da lei”.

Ele é um país com direito de veto no Conselho de Segurança da ONU e um dos mais pesadamente armados com bombas atômicas. Segundo o jornal nova-iorquino isso exige dele uma conduta especialmente responsável nas crises mundiais.

Porém, não é isso o que está acontecendo. Nas crises da Ucrânia e da Síria, a “nova-Rússia” está violando não somente as regras que preservam a paz mas os critérios “de decência humana correntes”.

A publicação do longo e acabado estudo promovido pelas autoridades da Holanda deixou claro que o avião da Malasian Airlines, derrubado sobre a Ucrânia em julho de 2014, matando todos os seus 298 indefesos passageiros e tripulantes civis, foi fornecido pela Rússia aos separatistas por ela dirigidos.

Na Síria, aviões de combate russos com bandeira russa ou síria estão bombardeando hospitais em Aleppo e instalações civis, massacrando a população desarmada.

O relatório final sobre a derrubada do voo MH17 da Malaysia Airlines confirmou as piores suposições contra a Rússia. Tjibbe Joustra, líder do inquérito apresenta os resultados na base holandesa de Gilze Rijen
O relatório final sobre a derrubada do voo MH17 da Malaysia Airlines
confirmou as piores suposições contra a Rússia.
Tjibbe Joustra, líder do inquérito apresenta os resultados na base holandesa de Gilze Rijen
Moscou continua negando o crime contra o avião da Malasia Airlines contra todas as evidências. O ministro do exterior da Ucrânia Pavlo Klimkin, declarou ao “New York Times” que seu governo está decidido a levar a Rússia e seus mandados, responsáveis pelo disparo do míssil homicida, diante dos tribunais ocidentais.

Altas autoridades ocidentais acusam nominalmente a Rússia por crimes de guerra que deveriam ser julgados pela Corte Internacional de Justiça.

Mas Putin dá de ombros diante dos crimes pegos em flagrante e continua sua sinistra obra de desestabilização militar em todas as frentes que lhe é possível.

As autoridades dos EUA gastaram imenso tempo em esforços de negociação com seus homólogos russos, mas esses continuam se burlando de tudo o que dizem, assinam, prometem ou dão a entender.

Os EUA parecem cansados de tantas violações da palavra empenhada mas não tiram as consequências. E Putin continua agindo como um “fora da lei” que sabe que a Justiça não está decidida a lhe por um limite intransponível.

Obama não aprova uma intervenção militar direta na Síria, enquanto Putin manda suas milícias treinadas na repressão e chacina das minoria étnicas na Federação Russa ou no leste ucraniano.

Putin fantasia com uma suposta missão – divina?, cristã?, diabólica? – de restaurar a grandeza da Rússia histórica.

Mas, observa o jornal nova-iorquino, sua conduta de fato massacrando civis na Síria ou invadindo a Ucrânia, ou assassinado os opositores políticos, sugere uma coisa que é tudo o oposto da procura da paz, da justiça ou do equilíbrio internacional.

É o sistema do regime “fora da lei” rindo dos que respeitam a lei. Esse procedimento encaminha o mundo para uma crise mundial irreversível que alguns já chamam de III Guerra Mundial.


Saudosista parada em honra do Exército Soviético
indo à guerra em 7.11.1941:




Como foi a derrubada do voo MH17, reconstituição virtual do inquérito.
A Rússia deu de ombros e excogita outros golpes


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