domingo, 11 de setembro de 2016

Alemanha prepara população para catástrofe
com dimensão de guerra mundial

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Ao lado: lista de conselhos básicos divulgada pela Deustche Welle.
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O governo alemão recomendou a seus cidadãos a armazenagem de alimentos e água em casa na previsão de um ataque terrorista ou uma catástrofe, preanunciou o sisudo e acatado jornal ‘Frankfurter Allgemeine Zeitung’ numa edição dominical referida pela agência EuropaPress. 

O plano é de uma gravidade sem igual desde o fim da II Guerra Mundial e da Guerra Fria.

A Alemanha se encontra em estado de alerta após os mais recentes atentados islâmicos. Berlim havia anunciado uma série de medidas que incluem verbas extras para as forças de segurança e a criação de uma unidade especial contra o crime informático e o terrorismo.

Agora o Conselho dos Ministros aprovou no dia 24 de agosto uma ação de envergadura nacional. Trata-se do “Conceito para a Defesa Civil” pelo qual a população será instada a “acumular comida e água para sobreviver durante dez dias”, naquilo que a Deustche Welle apresenta como “Preparando-se para o pior”.

Assim diz o plano do Ministério do Interior resumido pelo jornal de Frankfurt e pela rádio oficial “Deustche Welle”. O relatório se inspirou numa ideia elaborada por um comitê parlamentar há quatro anos.

“Pedir-se-á ao povo que se prepare apropriadamente para qualquer evento que possa ameaçar nossa existência e que não se possa descartar categoricamente no futuro”, diz o relatório.

O documento também recomenda pôr em andamento um “sistema de alarma fiável” e reforçar as estruturas dos prédios em função de uma possível tragédia.

Por sua vez, a agência oficial Deutsche Press Agentur (DPA) citou que o de acordo com o projeto confidencial o governo pensa “restaurar o sistema de alistamento militar em todo o país em tempos de crise” como poderiam ser as situações nas quais a Alemanha precise de tropas para “defender as fronteiras exteriores da OTAN”.

O povo alemão já passou por grandes calamidades nas guerras mundiais e nos tempos em que era possível uma invasão russa. Tratou-se de conflitos imensos que justificaram medidas do gênero.

Malgrado a gravidade dos atentados islâmicos – o de Colônia e outras grandes cidades no Ano Novo, por exemplo – nenhum deles teve dimensão para uma preparação nacional na perspectiva de um evento capaz de “ameaçar nossa existência”, como declarou o porta-voz do Ministério do Interior.

O povo alemão habita sua terra há quase dois milênios e sabe em linhas gerais quais catástrofes naturais podem lhe acontecer.

A preparação que o governo alemão está montando dificilmente se entende em função apenas de atentados islâmicos ainda que maiores, ou uma catástrofe natural ainda que historicamente nunca havida.

Essa preparação se entendeu em períodos de guerras mundiais, e no presente faria sentido em face de uma eventual guerra mundial ou ataque atômico.



Nessa hipótese, a única potência que poderia provocar essa desgraça é a Rússia de Vladimir Putin que já insinuou essa horrenda perspectiva mirando o Ocidente.

Concomitantemente, o governo alemão fez saber que o Exército Alemão, a Bundeswehr, treina tropas para serem dispostas nas suas fronteiras. É a primeira vez que isso sucede desde o fim da II Guerra Mundial, noticiou NBC News.

O temor alegado é o de ataques terroristas. Porém, mais uma vez, a amplidão da manobra supera de muito longe a magnitude da preparação.

A ministra de Defesa Ursula von der Leyen conversa com soldados na base de Ohrdruf, Alemanha.
A ministra de Defesa Ursula von der Leyen
conversa com soldados na base de Ohrdruf, Alemanha.
Ela é mais típica de um contexto de guerra, e mais especificamente de guerra híbrida.

O exército estabelecerá laços privilegiados com a polícia em matéria de contra insurgência.

Potenciais ataques de grande escala tornaram “concebível e até provável” o engajamento de unidades militares alemãs, disse o general Martin Schelleis, chefe das operações conjuntas.

Os planos envolvem o combate de soldados em operações anti-terroristas. As tropas serão preparadas para assumir o controle de locais públicos. O fato evoca uma preparação para reagir a manobras de guerra híbrida como a dos “pequenos homens de verde” na ocupação russa da Crimeia.

Em 2012, a Corte Constitucional emitiu resolução abrindo o caminho para a intervenções da Bundeswehr nas ruas alemãs no contexto de um ataque.


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