terça-feira, 31 de março de 2015

Mídia oficial russa predispõe o país
para holocausto nuclear

Mídia russa prepara povo para aceitar um holocausto nuclear
como um 'sacrifício místico'
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




A mídia russa está apresentando a impensável catástrofe da guerra nuclear como uma possibilidade real e algo que deve ser abraçado com patriotismo místico, comentou a BBC News.

A invasão da Ucrânia entenebrece cada dia mais o horizonte político-militar mundial. E enquanto o Ocidente alarga o leque de medidas retaliatórias, a mídia russa desenvolve para seus leitores o tema da guerra nuclear.

Segundo o jornalista liberal Yuriy Saprykin, o tema virou “lugar comum”. Ele exemplificou com a rádio independente Ekho Moskvy, onde se fala da guerra nuclear “com a naturalidade com que se falaria de um aumento de preço do estacionamento”.

“Por que vocês todos temem tanto a guerra atômica? Por que temem a guerra nuclear?” – interrogou na emissora pró-Kremlin Govorit Moskva o apresentador Aleksey Gudoshnikov.

domingo, 29 de março de 2015

Países Bálticos: o próximo objetivo do Kremlin?

Tanque pró-russo se posiciona perto de Debaltseve, Ucrânia.
Tanque pró-russo se posiciona perto de Debaltseve, Ucrânia.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Vladimir Putin representa um “perigo real e atual” para a Estônia, a Letônia e a Lituânia, e a OTAN se prepara para repelir um eventual ataque russo, declarou em Londres o ministro britânico da Defesa, Michael Fallon, segundo a agência Reuters.

Segundo os jornais “The Times” e “The Daily Telegraph”, o ministro considera que o Kremlin poderia lançar uma operação de desestabilização nas repúblicas bálticas, que outrora foram escravizadas pela URSS e hoje fazem parte da OTAN.

Para Fallon, a Rússia tentaria utilizar os mesmos estratagemas aplicados há pouco tempo na Crimeia e hoje no leste da Ucrânia.

“A OTAN – disse – deve estar pronta para cortar qualquer tipo de agressão vinda da Rússia, qualquer que seja a forma que ela assuma”.

terça-feira, 24 de março de 2015

Sumiço e reaparição de Putin
alimenta obscuros presságios

Moscou: massiva marcha em honra ao opositor assassinado
patenteou que o chão treme sob o regime de Putin
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






A Rússia afunda num marasmo interior. Vladimir Putin passou dez dias desaparecido, cancelando compromissos internacionais relevantes.

Num país livre, o fato daria margem a muita especulação. Mas na Rússia, com o reflexo de épocas passadas, o sumiço do chefe máximo e a sua reaparição inexplicada pressagiam decisões trágicas, se não funestas.

O regime moscovita parece temer o progresso do movimento liberalizante interno, atiçado pela inflação e pela falta de produtos.

Em poucas palavras, o fantasma de um “Maidan russo” deambula entre as torres de São Basílio e ameaça desencadear uma epidemia liberalizante.

“Não a Maidan, não à guerra”; “Maidan é uma doença. Nós vamos curá-la”, gritaram os manifestantes convocados pelo governo russo no início do ano em numerosas cidades, de São Petersburgo a Vladivostok, segundo a revista francesa “L’Express”.

Putin mandou assim um recado: qualquer veleidade de protesto popular imitando o modelo da capital ucraniana será esmagado como uma bactéria.

“Não permitiremos um Maidan em nosso país” repetiam obsessivamente os organizadores da passeata putinista em Moscou.

Segundo o jornal “Le Monde”, nas passeatas havia membros do Parlamento ávidos de regalias, aposentados e jovens desempregados que aguardavam a recompensa, cossacos trazidos à força e grupos de motoqueiros conhecidos como “Os lobos da noite”, dispostos a obedecer qualquer ordem de Putin, que os trata de “irmãos”.

Putin atinge níveis de popularidade que competem com os de Fidel Castro e de Maduro, e superam por pequena margem os do PT brasileiro, se acreditarmos nas agencias oficiais.

Essa é a imagem que a “nova URSS” quer passar.

Mas o assassinato do oposicionista Boris Nemtsov e seu multitudinário enterro em Moscou falaram de uma situação muito diversa.

“Eles mataram um combatente da verdade”, dizia no cortejo Vyacheslav Buralnik, amigo de Nemtsov há mais de uma década, informou VICE News.

Milhares de russos no enterro do opositor Boris Nemtsov:
advertência ao regime de Vladimir Putin generalizadamente apontado como mandante do crime
O cortejo fúnebre foi sombrio, apesar da multidão de pessoas presentes, da grande quantidade de flores e das bandeiras russas com fitas pretas e faixas onde se lia: “Eu sou Boris Nemtsov”.

Todo o mundo sabia quem foram “eles”, mas poucos se atreviam a dizer os nomes em meio à paranóia pró-Putin que a mídia desencadeou há mais de um ano.

Uma “passeata anticrise” em início de março não chegou a ser silenciada pelas balas que mataram a Nemtsov.

Segundo a polícia, que fornece números aprovados pelo regime, participaram 21.000 pessoas, embora o número mais plausível seja 70.000, a maior passeata oposicionista desde 2012.

Um porta-voz de Putin tentou apaziguar a desconfiança geral atribuindo o crime a uma “provocação” contra a Rússia. Alguns cidadãos chechenos foram presos e confessaram sob tortura serem os assassinos. A montagem ficou clara.

A oposição no Parlamento aponta como causa principal o ambiente de histeria coletiva insuflada pela mídia oficial a propósito da guerra na Ucrânia.

Retrato de Boris Nemtsov rodeado de flores  no local onde foi morto como morrem os opositores do regime
Retrato de Boris Nemtsov rodeado de flores
no local onde foi morto como morrem os opositores do regime
No melhor estilo dos expurgos estalinistas, o próprio Putin denunciou uma “quinta-coluna” que age na Rússia.

Mas os manifestantes anti-Putin provinham das pacíficas classes médias que estão sendo gravemente prejudicadas. Vários até tiveram a coragem de carregar a bandeira da Ucrânia.

De acordo com o líder oposicionista Ilya Yashin, a vítima estava preparando um relatório sobre o fluxo de armas russas para o leste ucraniano secessionista.

Anna Duritskaya, ucraniana amiga do morto que estava com ele no momento fatídico, ligou o crime a “acontecimentos internos da Ucrânia”.

Mas a maioria dos descontentes prevê um período de agitação ainda mais obscuro.

“No futuro – disse o psicólogo Alexander Vengea, entrevistado por VICE News –, a agitação não partirá de nós, mas da população faminta. Eu acho que haverá mudanças políticas, mas não na direção que nós queremos”.

A “nova URSS” se enfurna na espiral de desordens, fome e repressão que caracterizou o período leninista de sua funesta antecessora, a “velha URSS”.


quarta-feira, 18 de março de 2015

Ideólogo de Putin logra desavisados no Ocidente

Aleksandr Dugin: povos inteiros que não entram em seus esquemas devem ser 'apagados', como a Polônia e a Ucrânia.
Aleksandr Dugin: povos inteiros que não entram em seus esquemas
devem ser 'apagados', como a Polônia e a Ucrânia.



O ideólogo russo Alexander Dugin, conhecido apenas em minúsculos círculos esotéricos, veio se projetando nos últimos anos pelo fato de Vladimir Putin tê-lo escolhido como seu ideólogo predileto.

O Kremlin fez dele uma espécie de porta-voz filosófico para lograr certa intelligentsia ocidental.

Ignora-se ao certo se Putin acredita no que diz Dugin, pois nos pragmáticos discursos do chefe do Kremlin é difícil achar a embaralhada verborragia ocultista de seu ideólogo.

Porém, o ditador se enfeita ostentando um pensador de seu agrado, embora assaz escuro, contraditório, místico-panteísta e com fulgores satanistas.

Dugin propala, sem ser desmentido pelo seu patrão, a ideia de uma Rússia liderando um “Império Euro-asiático”. A proposta ecoa o sonho leninista de uma revolução mundial que encaixaria todas as nações na União de Repúblicas Socialistas Soviéticas ingloriamente fracassada.

Dugin não duvida em atrelar a essa “nova URSS euro-asiática” países como Áustria, Hungria, Romênia, Servia e Eslováquia, que sofreram na própria pele a ferocidade da escravidão soviética e que deram o sangue de seus melhores filhos para dela se libertar.

Para Dugin, a Rússia deve anexar completamente a Ucrânia e exterminar os ucranianos, de modo muito especial os católicos, segundo reportagem do “International Businnes Times”.

Dugin também ensina que a Polônia é um “erro histórico”, pois são eslavos católicos que não pertencem à igreja cismática russa presidida pelo Patriarca de Moscou.

Aleksandr Dugin (direita): em protesto esotérico-religioso com sacerdote 'ortodoxo' contra a Ucrânia
Aleksandr Dugin (direita): em protesto esotérico-religioso
com sacerdote 'ortodoxo' contra a Ucrânia
Pelo fato de professarem a fé católica, os poloneses teriam degenerado da raça eslava, não têm lugar em seu oculto universo cósmico e devem ser suprimidos.

Dugin também prega o desaparecimento dos países próximos dos EUA, inclusive os europeus, que deveriam ser anexados pela força ao “Império Euro-asiático”. Essa seria a exigência de fenômenos geográficos ou de forças telúricas a que ele atribui um poder materialista absoluto e incoercível.

O mais espantoso é que Dugin tenha conseguido fazer adeptos no mundo dos futuros escravos do “Império Euro-asiático”.

Para esses enganos ele usufruiu de antigas amizades. Estas provêm da rede de “grupos de influência” que a URSS espalhou outrora no Ocidente. A rede atravessou incólume e impunemente o período da transição da “URSS 1.0” para a “URSS 2.0”, como dizem as juventudes putinistas.


Os ucranianos devem ser extintos, diz Dugin, sobretudo os católicos.
Centenas de "voluntários" vindos da Rússia ingressam na Ucrânia, segundo flagrou a OSCE:



domingo, 15 de março de 2015

Herói da derrocada soviética na Checoslováquia:
“Celebrar o fim do comunismo é um equívoco”

Václav Klaus, ex-presidente da República Checa:
 “Celebrar o fim do comunismo é um equívoco” 

“Celebrar o fim do comunismo é um equívoco”, pois “algo parecido está voltando, com outras bandeiras e outras cores”, alertou Václav Klaus, o primeiro chefe de governo da República Checa depois do fim da ditadura soviética, segundo artigo de “O Estado de S. Paulo”.

Klaus voltou a exercer a presidência de seu país entre 2003 e 2013. Ele se tornou internacionalmente conhecido por se opor às novas formas metamorfoseadas do comunismo, em especial a mais extrema delas – a autogestão –, que a URSS tinha como objetivo realizar mas nunca conseguiu.

Um dos heróis nacionais checos pelo papel que teve na chamada “Revolução de Veludo”, que precipitou a queda do comunismo em seu país.

domingo, 8 de março de 2015

A Igreja Católica perseguida
numa Bielorrússia ainda comunista

Monumento ao soldado soviético, em Brest, Bielorrússia
Monumento ao soldado soviético, em Brest, Bielorrússia


Na Bielorrússia, extenso país eslavo que foi escravo da URSS e faz fronteira com a católica Polônia, a Igreja sofreu 70 anos de perseguição e ainda hoje geme num ambiente de ditadura comunista, apontou a associação “Ajuda à Igreja que sofre”.

Magda Kaczmarek, encarregada da Bielorrússia em dita associação, voltou a viajar a esse país em novembro de 2014. E deu uma entrevista contando as impressões colhidas nas quatro dioceses católicas do país.

Ela explicou que “é geralmente sabido que os bielorrussos vivem sob uma ditadura. O país está muito isolado e tem-se a sensação de que o comunismo ainda está presente.

“Nas cidades e no campo continuam os monumentos de Lênin, de membros do Exército Vermelho, tanques ou aviões que lembram os velhos tempos. Eu fui criada na Polônia socialista; e nesses dias foi como se tivesse retornado a essa época na Polônia”.

quarta-feira, 4 de março de 2015

Conscritos russos se recusam a combater na Ucrânia. Soldados desertam

Associação das Mães de Soldados de São Petersburgo
denuncia arbitrariedades contra os recrutas russos


A agência de informação ucraniana independente UNIAN retransmitiu informações divulgadas pela organização dos direitos humanos Mães de Soldados, de São Petersburgo.

Segundo elas, são numerosas as queixas de recrutas do exército russo que estão sendo forçados a partir para a região de Rostov, que serve de plataforma para a invasão russa à Ucrânia. 

O número dos soldados que se recusam a ir a combater na Ucrânia atingiu recordes em dezembro e em janeiro deste ano. A organização recebeu mais de 20 reclamações provenientes das regiões de Nizhny Novgorod, Leningrado, Murmansk e Kursk, noticiou o jornal russo Kommersant.

domingo, 1 de março de 2015

O dedo do Kremlin no gatilho.
A OTAN, os países vizinhos e a Europa na mira

Agressividade antiocidental está no centro da nova estratégia russa.
Parada na Praça Vermelha para comemorar a vitória soviética em 1945


O Kremlin divulgou no fim de 2014 a versão para consumo público da nova doutrina militar russa, aprovada pelo chefe Vladimir Putin. O plano não faz cerimônia e designa a OTAN como a ameaça fundamental.

A doutrina se diz inquietada pelo “reforço das capacidades ofensivas da OTAN, que ameaçam diretamente as fronteiras russas, e pelas medidas adotadas para implantar um sistema global de defesa antimíssil” na Europa Oriental.

De fato, a Rússia tem todas as razões para detestar esse sistema antimíssil. A sua manifesta inferioridade tecnológica poderia ficar reduzida a quase zero por esse escudo protetor.