domingo, 19 de maio de 2013

Assassinato de jurista em Moscou reaviva tensões da Guerra Fria

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








O jurista russo Sergueï Leonidovich Magnitski morreu com sinais de tortura na prisão Butyrka, de Moscou, em 2009.

“Desapareceu” quando denunciava os métodos corruptos nas empresas estatais do regime de Vladimir Putin, além de práticas criminosas da polícia contra empresas privadas.

O governo russo encomendou investigações programadas para não darem em nada. Mas o caso repercutiu no Ocidente e motivou decisões de censura nos Parlamentos americano e europeu, bem como de organizações privadas pelos direitos humanos.

Um dos recentes episódios foi a publicação nos EUA da “lista Magnitski”, lista negra das autoridades russas que teriam participado na operação para dar morte ao dissidente na prisão e sem processo.

Vladimir Putin acusou o “golpe” como montado contra ele e o denunciou como um atentado “às relações bilaterais”, segundo declarou pela televisão seu porta-voz oficial Dmitri Peskov.

Para o ditador travestido de democrata, a publicação da lista foi “uma ingerência direta nos assuntos internos”. O caso Magnitski, segundo Peskov “não deve ser examinado fora das fronteiras russas. Para nós, isso é inadmissível”, acrescentou. Se for assim, nenhuma justiça será feita.

Peskov arguiu que com tantas crises no mundo não há razão para se preocupar com um casinho desses. Em outras palavras, reivindicou o “direito” socialista de torturar e matar dissidentes impunemente.


Na lista negra americana figuram 18 pessoas, na sua maioria funcionários que teriam participado da cruel morte do jurista em 2009.

Os bens dos indiciados nos EUA ficaram congelados e qualquer cidadão que comercializar com eles se expõe a sanções penais. Os indiciados tampouco podem ingressar em território americano.

Putin revidou proibindo a entrada em território russo de 18 cidadãos americanos. Ele visou especialmente antigos responsáveis da prisão de Guantánamo, onde estão detidos terroristas islâmicos que teriam participado em ataques contra os EUA, e também americanos envolvidos na condenação do traficante de armas russo Viktor Bout.

A proibição de Putin patenteia bem quem são seus amigos mais queridos.

A publicação da “lista Magnitski” e as sanções dela derivadas são consequência de uma lei americana de dezembro de 2012. Os parlamentos inglês e irlandês analisam textos legais análogos.

A vingança de Moscou constitui uma das medidas mais hostis em relação aos EUA desde o fim da Guerra Fria.