domingo, 6 de setembro de 2020

Putin e a Bielorússia:
“a Rússia não tem fronteira alguma”

Manifestações populares contra ditador da Bielorússia, ameaçam império de Putin
Manifestações populares contra ditador da Bielorrússia,
ameaçam império de Putin
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Foi há apenas quatro anos, mas a lembrança até hoje orienta os espíritos previsores, vendo sobretudo a indignação do povo bielo-russo diante do que considera uma grosseira fraude eleitoral do ditador Aleksandr Lukashenko, lugar-tenente de Putin.

Putin não quer ver reproduzido na Bielorrússia a brilhante reação ucraniana que teve seu centro na Praça Maidan de Kiev e derrubou o presidente pro russo Viktor Yanukovytch, outro serviçal de Moscou que acabou fugindo à Rússia. 

Putin puniu a Ucrânia com a ocupação ilegal da Crimeia e a invasão do leste ucraniano.

O fato que evocamos aconteceu quando o pequeno Miroslav, de nove anos, galardoado pela Sociedade de Geografia Russa pelo fato de decorar todos os limites dos países do mundo, foi levado ante o todo-poderoso presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Este se pôs de cócoras ante o menino e diante de um auditório lhe perguntou onde acabavam as fronteiras da Rússia.

A criança se encheu de coragem e respondeu:

– A Rússia termina no Estreito de Bering, na fronteira com os Estados Unidos.

O míssil Iskander é capaz de levar bombas atômicas
O míssil Iskander é capaz de levar bombas atômicas

Putin apertou-a contra o peito e olhando para o publico corrigiu a criança modelo dizendo:

– As fronteiras da Rússia não terminam em parte alguma.

Na primeira fileira aplaudia o ministro de Defesa russo, Serguei Shoigu.

O fato foi registrado pelo correspondente Xavier Colás do jornal “El Mundo” de Madri, sob a sugestiva manchete “Assim se prepara a Rússia para una guerra com a Europa”.

Enquanto Putin fazia essa estarrecedora declaração em Moscou, a 1.092 quilômetros de distância, em Kaliningrado, enclave russo entre dois membros da OTAN (Lituânia e Polônia), os soldados de Putin montavam os sistemas de mísseis S-400 e Iskander, esses capazes de levar bombas atômicas.

O porta-voz do Kremlin Dimitri Peskov justificou a manobra dizendo que “a OTAN é um bloco agressivo”.

Agora Putin ordenou a instalação de unidades blindadas junto à fronteira bielo-russa, pensando na eventualidade de que a Bielorrússia bascule democraticamente para o Ocidente.

Os países europeus não reconhecem a validade da falcatrua eleitoral e a NATO já o fez saber.

A Suécia estabeleceu o regime de alerta militar.

É claro que Putin prefere que o movimento democrático seja esmagado pela inaudita violência da polícia bielo-russa que ainda ostenta o nome da KGB. Mas os bielo-russos, sobretudo os mais jovens, não dão o braço a torcer por suas liberdades.

Na Polônia se diz que quando a Rússia fala em se defender, ela entende atacar. Quando se diz ameaçada é porque está montando a ofensiva. É a novilíngua soviética reciclada pelos atuais amos do Kremlin.

Estrategistas como o general Valeri Gerasimov, Comandante das Forças Armadas da Federação Russa, concluíram que a guerra contemporânea deve ser misturada com luta social, econômica e sobre tudo da informação.

A tecnologia de ponta da espionagem deve visar EUA.

E a Rússia mostrou sua habilidade para penetrar as estruturas cibernéticas de seu maior inimigo nas eleições presidenciais de 2016.

A infiltração das infraestruturas do adversário, a propaganda, os trolls, a ação psicológica sorrateira, a confusão e a cumplicidade de partes da sociedade civil do país vítima são armas da “guerra híbrida” que está em pleno andamento.

Valery Gerasimov Comandante das Forças Armadas da Federação Russa
Valery Gerasimov Comandante das Forças Armadas da Federação Russa

Do lado da Rússia é claro. E agora inclui o envio de unidades policiais de repressão para silenciar os bielo-russos nas ruas com violências, torturas e mortes.

No lado ocidental parece dominar a estratégia do avestruz: esconder a cabeça num buraco para não enxergar nada e achar que está tudo bom.

A Rússia “se prepara para uma guerra totalmente diferente da que imagina o Ocidente”, diz o analista Gustav Gressel, do European Council of Foreign Relations. Ele detecta nos EUA “uma percepção do risco muito antiquada”.

“El Mundo” escolheu a sugestiva manchete: “Assim se prepara a Rússia para uma guerra com a Europa”.

Enquanto isso a União Europeia corrói os países que na teoria são seus membros mas na realidade são suas vítimas. 

A UE está deixando o continente inerme  ౼ descontadas algumas declarações formais e sem consequências profundas, como costuma fazer diante dos governos anticristãos ౼ face ao enorme perigo que se prepara dentro das fronteiras da Rússia.

Fronteiras que para o Kremlin são transitórias enquanto não voltam as antigas da URSS, pelo menos.


Vídeo: Putin: tropas russas prestes a entrar na Bielorússia
se situação "sair do controle"


2 comentários:

  1. Sim, a Rússia pode invadir e dominar toda a Europa, mas não a iria destruir, ao contrário, salvá-la-ia. A destruição da Europa não é desobra da Rússia, mas sim do próprio Ocidente. Ou uma Europa africana, islâmica, turca, árabe será ainda a Europa? Não existe mais a Europa. O antigo continente europeu chama-se agora Eurábia. Esta Antieuropa tem as bençãos do Papa: "Quem é contra a imigração não pode ser cristão" disse ele. Aliás, para não desobedecer ao "Patriarca do Ocidente", eu abandonei o cristianismo.Eu não posso ser cristão.

    Melhor assim. Agora eu me sinto livre da hipocrisia.

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    1. Até onde eu sei se é cristão por causa de Cristo, então não concordo com seu abandono da Fé Católica! Volte, irmão!

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