domingo, 14 de dezembro de 2014

Rússia brinca com a morte nos céus da Europa





O todo-poderoso chefe do Kremlin anunciou em início de dezembro que as operações da força aérea russa redobrarão em intensidade e ousadia, em resposta ao que ele inventou chamar de provocação do Ocidente na Ucrânia.

Coincidindo com o anunciado por Putin, um F-16 norueguês quase colidiu no ar com um MIG 31 russo que lhe cortou repentinamente a trajetória enquanto voava no norte de Noruega.

O Ministério da Defesa nórdico publicou a gravação da manobra que qualificou de “indesejável”, noticiou o jornal espanhol “El Mundo”.


No vídeo o piloto norueguês chega a gritar “Meu Deus!”, e vira para evitar a colisão. “Não é um comportamento normal por parte do piloto russo”, disse Bryndar Stordal, porta-voz das forças armadas norueguesas.

O MIG flagrado pela câmera do jato norueguês.
O MIG flagrado pela câmera do jato norueguês.
Segundo o secretário geral da OTAN, Jens Stoltenberg, mais de 400 vezes aviões ocidentais levantaram voo em 2014 para interceptar e desviar aviões de guerra russos que invadiam ou avançavam rumo ao espaço aéreo de países europeus, dando sinais preocupantes.

O número de ocorrências foi 50% maior que o de 2013.

Uma das características desses voos russos é a utilização de medidas eletrônicas para cegar os radares dos ‘adversários’ ou alvos potenciais.

A European Leadership Network – ELN, rede sediada em Londres para fornecer apoio aos responsáveis políticos europeus, mostrou o perigo desses voos que cegam, noticiou “Il Corriere della Sera”. 

Um caso típico aconteceu em 3 de março de 2014, mas que só agora foi revelado. O voo comercial da SAS com 132 passageiros, que partiu de Copenhague com destino a Roma, esteve a poucos metros de uma catástrofe.

Enquanto voava sobre águas internacionais perto de Malmoe, na Suécia, encontrou-se subitamente com um avião russo de guerra eletrônica – provavelmente um Ilyushin-20M – e só a rapidez e a perícia do piloto evitaram o desastre.

A colisão foi evitada quando os aviões estavam a 90 metros, muito abaixo da distância mínima de segurança.

Um Ilyushin 20M, avião de guerra eletrônica, quase provoca a catástrofe
Segundo o ELN, “desde a anexação da Criméia pela Rússia a intensidade e a gravidade dos incidentes envolvendo centrais de inteligência e forças militares ocidentais e russas aumentaram visivelmente”.

Isso significou vários “quase impactos”, porque os aviões russos – de caça ou de reconhecimento – desligam o transponder e não comunicam a sua posição a outros aviões voando na mesma região.

O ELN também citou outros incidentes, como o submarino russo identificado no largo de Estocolmo e o sequestro por agentes russos de um agente de segurança estoniano através da fronteira.

“Escaramuças” como a sucedida há pouco com o avião norueguês já somam cerca de 40. Três delas foram qualificadas “de alto risco”, tendo podido fazer vítimas ou gerar uma confrontação militar.

Segundo o ELN, “a combinação da atitude russa mais agressiva e a prontidão das forças ocidentais demostrando resolução, aumenta o risco de uma escalada não desejada”, havendo perigo de os fatos saírem do controle.

O relatório da ELN leva o título Dangerous Brinkmanship e foi assinado por Thomas Frear (ex-membro do Russian Institute of Oriental Studies de Moscou), Łukasz Kulesa (ex-responsável do Projeto para a Não Proliferação de Armas, da Polônia) e Ian Kearns (cofundador do ELN e ex-responsável pela Comissão para a Segurança Nacional do Reino Unido).


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