domingo, 30 de novembro de 2014

Rússia: a corrupção a serviço de
um plano de dominação de tipo soviético

Os macro-oligarcas saíram da KGB ou da nada.  Critério unificador: fidelidade de escravo  ao cidadão supremo da nova-URSS
Os macro-oligarcas saíram da KGB ou da nada.
Critério unificador: fidelidade de escravo
ao cidadão supremo da nova-URSS
Luis Dufaur


Um reduzido e ultra-seleto grupo de macro-oligarcas russos apossou-se da economia do país graças às dádivas de Vladimir Putin, noticiou pormenorizada reportagem do “The New York Times”.

Esses partidários incondicionais do amo do Kremlin não receberam gratuitamente suas fortunas, muitas vezes bilionárias. Eles são instrumentos fiéis da rede de aço com que Putin jugula a Rússia.

A filosofia dessa macro-oligarquia é “ele [Putin] deu e ele tirou”, segundo Mikhail Kasyanov, ex-primeiro-ministro de Putin. “Eles dependem de Putin, e Putin depende deles”.


Após servir cinco anos como agente da KGB na Alemanha Oriental, com o descalabro da URSS, Putin foi chamado para um comitê de relações econômicas externas e, depois, para a prefeitura de São Petersburgo.

Ali ele começou a montar a rede de novos empreendedores, regulando o comércio e distribuindo contratos para obras e serviços na cidade. Seus procedimentos geraram protestos e até tentaram depô-lo, mas nada deu certo.

Entre os novos empreendedores que Putin protegia estava Matthias Warnig, ex-agente da Stasi (polícia secreta da Alemanha Oriental) e fundador de um dos primeiros bancos estrangeiros da cidade, o Dresdner.

O Banco Rossiya é uma das peças chaves para jugular a economia a serviço do czar da "nova URSS". Sede de São Petersburgo
O Banco Rossiya é uma das peças chaves para jugular a economia
a serviço do czar da "nova URSS". Sede de São Petersburgo
Putin, na realidade, estava estruturando as bases de seu futuro despotismo restaurador das glórias sinistras da URSS.

Contratos e bens eram distribuídos em acordos fechados com informações privilegiadas, muitas vezes sem licitação aberta ou transparente.

O caso do banco Rossiya é apenas um exemplo entre muitos outros. Fundado em 1990 pelo Partido Comunista local, ele estava praticamente falido.

Em dezembro de 1991, Kovalchuk e um grupo de amigos de Putin o compraram. E a prefeitura, nas mãos do ‘patrão’, levantou-o através da abertura de grandes contas.

Os ativos do Rossiya se multiplicariam por dez no segundo mandato de Putin (2004-2008). O gás, o petróleo, os trens, os fundos de pensão, os maiores jornais e emissoras de TV e rádio russos, tudo foi caindo na rede com vocação de ditadura e em mãos obedientes e cegas.

“A primeira meta foi conquistar o controle da mídia”, explicou Roman Pivovarov, analista da mídia russa. “O quadro hoje é claro: a grande mídia pertence ao círculo de pessoas que controlam não apenas a política, mas a economia da Rússia”.

Putin astutamente não estatizou toda a economia: suas vítimas teriam suspeitado que voltava ao comunismo. Mas a concentrou nas mãos da onipotência do chefe supremo do Kremlin. Como outrora...
Putin astutamente não estatizou toda a economia:
suas vítimas teriam suspeitado que voltava ao comunismo.
Mas a concentrou nas mãos da onipotência do chefe supremo do Kremlin.
Como outrora...
Putin anunciou que depositaria seu salário oficial de R$ 18.750 mensais no Rossiya. O gesto valeu ao banco uma enxurrada de clientes. Muitos pobres acreditaram que pelo menos esse banco não iria falir.

Putin instruiu o Banco Central para dar assistência ao Rossiya. Empresas energéticas estatais, em mãos de fiéis de Putin, transferiram suas contas para lá, e os governadores de São Petersburgo e região mandaram as instituições estatais de suas jurisdições fazerem o mesmo.

Até quando durará esse embuste coletivo? O Rossiya foi alvo das punições econômicas do Ocidente por causa da invasão da Ucrânia.

Mas, para Putin, o banco é mais um instrumento de opressão. Se os cidadãos russos afundarem na mais negra miséria, o ditador supremo assistirá impassível ao espetáculo das multidões famélicas.

Sua maior preocupação consistirá então apenas em saber se os grilhões dos escravos continuam implacavelmente apertados.


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