domingo, 8 de junho de 2014

População de Donetsk se volta contra separatistas pró-Putin e contra as milícias estrangeiras – 1

Soldado ucraniano se prepara para o combate em Kramatorsk
Soldado ucraniano se prepara para o combate em Kramatorsk
A manobra político-militar de Moscou para a anexação da Criméia se repetiu como um decalque nas regiões de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia.

As regiões escolhidas pareciam ser as mais sensíveis ao apetite russo de desmembrar a Ucrânia.

Segundo pesquisa do Pew Research Center, efetivada na primavera de 2014, 70% dos ucranianos do leste – onde se fala muito russo, em proporções diversas segundo a região – não desejavam separar-se da Ucrânia, e apenas 18% aprovariam uma anexação pela Rússia.

As proporções, entretanto, mudavam muito de acordo com a região. Segundo sondagem do Kyiv International Institute of Sociology, realizada no período de 8 a 16 de abril de 2014, na região de Dnipropetrovsk 84,1% responderam contra a anexação pela Rússia e 10,1% a favor.


As proporções se assemelhavam em Zaporizhia (81,5% contra e 6,2% a favor); Kherson (84,6% contra e 3,5% a favor); Odessa (78,8% contra e 7,2% a favor); Kharkiv (65,6% contra e 16,1% a favor); Mykolayiv (85,4% contra e 7,2% a favor). DADOS COMPLETOS AQUI

Putin havia sondado antes e escolheu como alvo duas regiões onde o sentimento ucraniano estava mais debilitado: Donetsk (52% contra a anexação e 27,5% a favor) e Lugansk (51,9% contra e 30,3% a favor).

A mídia ocidental passou a sensação de uma avançada implacável no plano de anexação do Kremlin, com ocupações de prefeituras, delegacias, quarteis, aeroportos, etc., em diversas cidades como Slaviansk, Kramatorsk, e na própria capital regional que leva o mesmo nome de Donetsk.

Ucranianos cantam o hino nacional em Lugansk.
Ucranianos cantam o hino nacional em Lugansk.
Essa sugestão midiática fazia acreditar que todo o leste ucraniano estava na goela de Putin, enquanto o exército ucraniano era incapaz de pôr fim ao movimento secessionista!

Porém, algo começou a andar mal para o agressor. Os dias se passavam e o separatismo não atingia seus objetivos.

Na verdade, houve um referendo em Donetsk e Lugansk que aprovou a separação. Mas ninguém o levou a sério, exceto o mandante de Moscou, que  poucos dias antes havia pedido de modo enganador para não realizá-lo.

Até que em 6 de maio alguns jornais informaram que centenas de milhares de trabalhadores saíram às ruas de pelo menos cinco cidades, inclusive na capital regional, Donetsk, tomando o controle das ruas e banindo os militantes pró-Rússia, que pareciam ter consolidado o poder na cidade.

Essas centenas de milhares de trabalhadores de minas e siderúrgicas, em vibrante manifestação de patriotismo, disseram “basta” à manobra pró-russa. Mineiros e metalúrgicos tornaram-se a força dominante em Mariupol, a segunda maior cidade.

Os trabalhadores – que não portavam arma alguma, apenas vestiam suas roupas de serviço – disseram que estavam fora da política e tentavam somente restaurar a ordem.

Milicianos estrangeiros lutam com a consciencia pesada. Foto: Evgeny 'Dingo' Ponomarev, ruso de Belorechensk, chefe mercenário.
Milicianos estrangeiros lutam com a consciência pesada.
Foto: Evgeny Ponomarev, russo de Belorechensk, chefe mercenário.
A maioria da grande mídia ocidental abafou este enorme fato: a Rússia havia perdido a batalha da opinião pública na região que lhe era mais favorável!

Poucos jornais brasileiros reproduziram a notícia que, entretanto, circulou em alguns grandes órgãos do exterior muito ecoados no País, como “The New York Times”. ver Diário da Manhã, 6/05/2014.

Essa virada veio se acentuando de diversos modos, inclusive no militar.

De modo astuto, Putin não engajou tropas do exército russo. Ele as acumulou na fronteira, de onde promoveu provocações e falou muita bravata.

Porém, envia extra-oficialmente para a Ucrânia milícias com mercenários altamente treinados, que servem como instrumento de repressão dentro da Rússia, na perfeita ilegalidade – uma espécie de PCC da “nova URSS” a serviço do chefe formado na KGB. Estes mercenários causaram sensíveis baixas ao exército ucraniano.

Um comandante dessas milícias, o qual se faz chamar pelo nome de “Bes” (que significa demônio), falando em russo para a VICE News, assumiu a responsabilidade de um ataque mortífero.

continua no próximo post

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